terça-feira, 26 de maio de 2009

JUSTIÇA SELF-SERVICE


O ano é 2209 D.C. e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:

–Vovô, por que o mundo está acabando? – A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. Em mesmo tom veio a resposta:

–Porque não existem mais advogados, meu anjo.

–Advogados? Mas o que é isso? O que faz um advogado?

O velho responde, então, que advogados eram homens e mulheres elegantes que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, lutavam pela justiça defendendo as pessoas e a sociedade.

–Eles defendiam as pessoas? Mas eles eram super-heróis?

–Sim. Mas eles não eram vistos assim. Seus próprios clientes muitas vezes não pagavam os seus honorários e ainda faziam piadas, dizendo que as cobras não picavam advogados por ética profissional.

–E como foi que eles desapareceram, Vovô?

–Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, pois todo super-herói tem que enfrentar um super-vilão, não é? No caso, para derrotar os advogados esse super-vilão se valeu da “União” de três poderes. Por isso chamamos esse super-vilão de “União”.

Segundo o velho, através do primeiro poder, a União permitiu a criação de infinitos cursos de Direito no País inteiro, formando dezenas de milhares de profissionais a cada semestre, o que acabou com a qualidade do ensino e entupiu o mercado de bacharéis.

Com o segundo poder, a União criou leis que permitiam que as pessoas movessem processos judiciais sem a presença de um advogado, favorecendo a defesa de poderosos grupos econômicos e do Estado contra ao cidadão leigo e ignorante. Por estarem acostumadas a ouvir piadas sobre como os advogados extorquiam seus clientes, as pessoas aplaudiram a iniciativa.

O terceiro poder foi mais cruel. Eles fixavam honorários irrisórios para os advogados, mesmo quando a lei estabelecia limite mínimo! Isso sem falar na compensação de honorários, mas você é muito novo para ouvir certas barbaridades.

Mas o terceiro poder não durou muito tempo. Logo depois da criação do processo eletrônico, os computadores se tornaram tão poderosos que aprenderam a julgar os processos sozinhos. Foi o que se denominou de Justiça “self-service”. Das decisões não cabiam recursos, já que um computador sempre confirmava a decisão do outro, pois todos obedeciam à mesma lógica.

O primeiro poder, então, absorveu o segundo, com a criação das Medidas Definitivas, novo nome dado às Medidas Provisórias. Só quem poderia fazer alguma coisa eram os advogados, mas já era tarde demais. Estes estavam muito ocupados tentando sobreviver dirigindo táxis e vendendo cosméticos. Sem advogados, a única forma de restaurar a democracia é através das armas.

–E é por isso que o mundo está acabando, meu netinho. Mas agora chega de assuntos tristes. Eu já contei por que as cobras não picam os advogados?


Obs.: Dessa vez fiz um esboço para o chargista...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Entrevista ao programa Via Legal

Prezados Leitores,

Já há algum tempo, fomos procurados por uma equipe do programa Via Legal. Eles estavam fazendo uma reportagem sobre o "Juridiquês" e um prestigiado Juiz Federal fez expressa recomendação de nosso conto "Doutor Brother" que pode ser acessado aqui no blog, através do link (http://contosforenses.blogspot.com/2008/11/dr-brother.html). Vide charge, abaixo:


A equipe de TV veio até o escritório para nos entrevistar.

Foi uma grande honra pra nós, e o resultado está no vídeo abaixo. A entrevista circulou no Canal Justiça, TVE e Rede Cultura. Claro que nossa participação não é longa, mas fiquei surpreso com o fato de que este hobby nos proporcionou mais destaque na mídia do que nossa séria e comprometida atuação profissional.

Além disso, ficou claro que nosso trabalho possui um público muito qualificado, mas disso nunca tive dúvidas. Falo de você, leitor a quem agradeço pela companhia.

Como diria Dr. Brother: "-Era isso!"
Segue o link de acesso à reportagem em vídeo: