Em uma dada manhã, o advogado acorda com uma sensação de bem estar ímpar e permitiu-se ficar alguns minutos a mais na cama, assistindo ao sono sereno de sua mulher, hábito que há tempo dera lugar à estafante rotina forense.
A preguiçosa manhã, entretanto, lhe havia custado caro. Tinha audiência logo cedo, mas carecia de uma vital informação por parte do cartório. Não havia mais tempo a perder e a urgência o obrigou a tentar uma ligação:
–Foro Regional, bom dia! – Atendeu a jovial telefonista.
–Bom dia. Eu preciso falar com a vara cível!
–O horário de atendimento telefônico na Justiça Estadual do Rio Grande do Sul é entre 17h30m e 18h30m.
–Eu sei disso, mas é algo muito importante!
–Nesse caso, vou transferir agora mesmo.
Surpreso, o advogado não conseguia acreditar. Não só sua chamada foi atendida fora do horário, como os atendentes compreenderam o motivo da ligação e lhe prestaram todas as informações, concluindo que: ”Somos servidores e estamos aqui pra servir!”
Chegando ao foro, sobravam vagas gratuitas no estacionamento da OAB. Já na sala de audiências, deparou-se com a advogada da parte contrária, conhecida por buscar sempre a derrota humilhante de seus oponentes. Apesar dessas credenciais, o advogado resolveu fazer uma proposta de acordo ao que aquela respondeu:
–O senhor está louco doutor? A minha cliente tem direito!
E, em contradita, veio a resposta de praxe:
–Pois é, doutora, mas toda a ação possui um risco... Assim as duas partes ganham, ainda que um pouco menos...
–É verdade, doutor. O senhor me convenceu. Muito obrigado. – Respondera com um sorriso, a adversária.
Agora o advogado estava radiante! Feito o acordo, dirigiu-se ao Tribunal para proferir uma sustentação oral. Na sala de sessões, as palavras derramadas pelo causídico foram sorvidas com deleite pelos desembargadores que se mantiveram atentos à apresentação inteira, não poupando elogios no momento do voto.
De volta ao escritório, o hermeneuta encontra-se com um cliente que reconhecia seus méritos e que vinha pagar, adiantado, uns honorários. O pagamento foi efetuado, em dinheiro, e acompanhado de um caloroso “muito obrigado”.
E o advogado ficou a contemplar o dia único que vivenciara! Se todos os dias fossem assim... Um ato de cortesia aqui e ali. Uma demonstração de respeito e, por que não dizer, de reconhecimento. Resolveu deixar de devaneios e foi ver qual era seu próximo compromisso.
Ao abrir sua agenda, entrou em choque. Havia apenas um compromisso escrito em letras garrafais: 6h: ACORDAR! Instantes depois, estava em sua cama com o despertador a tocar. Ao lado sua mulher o contemplava com um sorriso. Disse ela:
–Eu estava vendo você dormir. Você parecia estar tendo um sonho lindo.
E, em resposta, desabafa o causídico:
A preguiçosa manhã, entretanto, lhe havia custado caro. Tinha audiência logo cedo, mas carecia de uma vital informação por parte do cartório. Não havia mais tempo a perder e a urgência o obrigou a tentar uma ligação:
–Foro Regional, bom dia! – Atendeu a jovial telefonista.
–Bom dia. Eu preciso falar com a vara cível!
–O horário de atendimento telefônico na Justiça Estadual do Rio Grande do Sul é entre 17h30m e 18h30m.
–Eu sei disso, mas é algo muito importante!
–Nesse caso, vou transferir agora mesmo.
Surpreso, o advogado não conseguia acreditar. Não só sua chamada foi atendida fora do horário, como os atendentes compreenderam o motivo da ligação e lhe prestaram todas as informações, concluindo que: ”Somos servidores e estamos aqui pra servir!”
Chegando ao foro, sobravam vagas gratuitas no estacionamento da OAB. Já na sala de audiências, deparou-se com a advogada da parte contrária, conhecida por buscar sempre a derrota humilhante de seus oponentes. Apesar dessas credenciais, o advogado resolveu fazer uma proposta de acordo ao que aquela respondeu:
–O senhor está louco doutor? A minha cliente tem direito!
E, em contradita, veio a resposta de praxe:
–Pois é, doutora, mas toda a ação possui um risco... Assim as duas partes ganham, ainda que um pouco menos...
–É verdade, doutor. O senhor me convenceu. Muito obrigado. – Respondera com um sorriso, a adversária.
Agora o advogado estava radiante! Feito o acordo, dirigiu-se ao Tribunal para proferir uma sustentação oral. Na sala de sessões, as palavras derramadas pelo causídico foram sorvidas com deleite pelos desembargadores que se mantiveram atentos à apresentação inteira, não poupando elogios no momento do voto.
De volta ao escritório, o hermeneuta encontra-se com um cliente que reconhecia seus méritos e que vinha pagar, adiantado, uns honorários. O pagamento foi efetuado, em dinheiro, e acompanhado de um caloroso “muito obrigado”.
E o advogado ficou a contemplar o dia único que vivenciara! Se todos os dias fossem assim... Um ato de cortesia aqui e ali. Uma demonstração de respeito e, por que não dizer, de reconhecimento. Resolveu deixar de devaneios e foi ver qual era seu próximo compromisso.
Ao abrir sua agenda, entrou em choque. Havia apenas um compromisso escrito em letras garrafais: 6h: ACORDAR! Instantes depois, estava em sua cama com o despertador a tocar. Ao lado sua mulher o contemplava com um sorriso. Disse ela:
–Eu estava vendo você dormir. Você parecia estar tendo um sonho lindo.
E, em resposta, desabafa o causídico:
–Sim. E gora começa o pesadelo.